domingo, 1 de novembro de 2009

Casos de neurocisticercose grave preocupam município de Minas Gerais


21/10/2009

Doença causada pela presença da larva da Taenia solium no cérebro, a neurocisticercose vem avançando no Brasil. Embora não existam dados concretos em função da dificuldade de diagnosticar essa parasitose, e pelo fato de a notificação não ser compulsória, pesquisas acadêmicas têm mostrado um aumento no número de casos. Em Minas Gerais, um estudo feito pelo professor de radiologia médica do Centro Universitário de Caratinga, na região do Rio Doce, Luciano Ribeiro comprova o crescimento da doença entre a população. Depois de analisar 6,2 mil laudos de tomografias, realizadas no Centro de Tomografia Computadorizada do município, ele encontrou 1.046 casos de pessoas infestadas com a parasitose na que é considerada a sua forma mais grave, o cisticerco. “O número é muito expressivo quando se trata de uma população de 82 mil habitantes, uma vez que são apenas casos diagnosticados. E aquelas pessoas que não têm condições de passar por um exame de tomografia computadorizada?”, pondera.

Perigo

No organismo, o parasita segue para tecidos do organismo, como os músculos, a retina e o cérebro. No sistema nervoso central, o cisticerco pode provocar desde cefaleias intensas, crises convulsivas, hidrocefalia e até a morte. As crises epilépticas são as complicações mais comuns. “Para que ocorra a neurocisticercose, o indivíduo tem que ingerir os cisticercos, e isso ocorre devido a alimentos ou mãos contaminadas. O portador do verme adulto elimina, com as fezes, os cisticercos no ambiente”, informa o professor. Quando o cisticerco começar a morrer, o que pode ocorre em um prazo de cinco anos, o processo provocará reações inflamatórias, que variam de indivíduo para indivíduo.

O professor ainda está pesquisando a infestação em Caratinga, mas trabalha com a hipótese de que a causa esteja relacionada à qualidade da água usada para irrigar as lavouras e hortas na região rural. “As hortaliças caracterizam o maior problema devido à falta de saneamento básico perante os produtores rurais que usam água contaminada por esgoto lançado nos rios. O ciclo se fecha quando a plantação é irrigada e não há higienização adequada da folhas, que devem ser friccionadas e não somente lavadas em água corrente ou mesmo colocadas em repouso no vinagre, pois esses procedimentos não eliminam os cisticercos que são invisíveis a olho nu”.

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